QUEM MUITO VIU…
Quem muito viu, sofreu, passou trabalhos,
Mágoas, humilhações, tristes surpresas;
E foi traído, e foi roubado, e foi
Privado em extremo da justiça justa;
E andou terras e gentes, conheceu
Os mundos e submundos; e viveu
Dentro de si o amor de ter criado;
Quem tudo leu e amou, quem tudo foi –
Não sabe nada, nem triunfar lhe cabe
Em sorte como em todos os que vivem.
Apenas não viver lhe dava tudo.
Inquieto e franco, altivo e carinhoso,
Será sempre sem pátria. E a própria morte,
Quando o buscar, há-de encontra-lo morto.
Antologia Poética, do autor Jorge Sena
E foi traído, e foi roubado, e foi
Privado em extremo da justiça justa;
E andou terras e gentes, conheceu
Os mundos e submundos; e viveu
Dentro de si o amor de ter criado;
Quem tudo leu e amou, quem tudo foi –
Não sabe nada, nem triunfar lhe cabe
Em sorte como em todos os que vivem.
Apenas não viver lhe dava tudo.
Inquieto e franco, altivo e carinhoso,
Será sempre sem pátria. E a própria morte,
Quando o buscar, há-de encontra-lo morto.
Antologia Poética, do autor Jorge Sena
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